EPIDEMIA DO CELULAR VIII , O TOQUE
A cada dia, aumenta ainda mais o uso de aparelhos eletrônicos na direção veicular. É assustador constatar isso vendo os motoristas falando ao celular, mandando torpedos, consultando o facebook e o twitter ou assistindo a um video do youtube enquanto dirigem. A pergunta do momento: é possível fazer isso dirigindo? A todo instante nos deparamos com um veículo à nossa frente imprimindo uma velocidade reduzida numa via livre e sem retenções; outras vezes nos deparamos com um veículo no semáforo que não arranca depois do sinal ter aberto há 15 segundos atrás; noutras presenciamos avanços de sinais, pedestres em correria na faixa de travessia e mudanças bruscas de faixa dos veículos ao nosso lado. Esses e outros comportamentos estão ocorrendo nos motoristas motivados pelo uso de seus celulares enquanto dirigem. São condutas cada vez mais comuns e constantes no nosso dia a dia que pioram demasiadamente a qualidade e a segurança de todos da comunidade do trânsito. No momento em que criamos uma expectativa favorável pelo maior controle dos motoristas embriagados, pela fiscalização mais intensiva da Lei Seca, emerge essa epidemia que se alastra velozmente entre os motoristas em trânsito. O que quero chamar a atenção nessa discussão que irá se tornar prioridade em breve nas medidas de segurança por todo o país é no poder que o toque da chamada do celular impõe ao motorista. Nada impede o indivíduo de priorizar a resposta condicionada de atender o celular quando ele toca. A resposta é instantânea e tem prioridade em qualquer circunstância. Esteja ele num velório, numa entrevista de emprego, numa transa num motel, o celular tocou ele atende. Mas ele não atende a ligação propriamente. Ele atende ao chamado do toque que o torna curioso para saber quem está chamando, que tipo de chamada é aquela e o que o espera. Somente depois de visualizar o painel do celular é que ele elabora e traduz o toque para iniciar a conversação. É esse "abandono" de sua atividade presente, dominado pelo condicionamento exercido pelo toque que o torna vulnerável, potencialmente inabilitado e perigoso para si mesmo e para o ambiente ao seu redor. Nessa fração de segundos ele deixa de exercer sua atividade de atenção concentrada para a direção e destina seus interesses para o objeto eletrônico. O tempo de reação para o atendimento se estende para o tempo da conversação e então, todo o conjunto das atenções sofre mudanças adaptativas que fazem com que o motorista inicie uma conduta de improvisação no seu modo de dirigir. Quando ele demora para localizar o aparelho no interior de seu veículo, enquanto o aparelho toca ele vai se tornando cada vez mais agitado e renuncia a qualquer conduta de direção segura procurando por onde está o celular. Alguns chegam a soltar o cinto de segurança e se virar para o banco de trás, onde está sua bolsa ou pasta onde o celular está tocando, enquanto dirigem. Tirar os olhos da movimentação de trânsito à frente e procurar o celular para atender pode significar um acidente de consequências imprevisíveis. Esse condicionamento operante está causando estragos, prejuizos, e colocando vidas inocentes em risco. PARE para pensar sobre isso. Até que ponto o toque do seu celular interfere na sua liberdade e domina a sua vontade e escolha no instante em que o seu aparelho toca?
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