ASSIM CARREGA A HUMANIDADE
O fenômeno tecnológico ganha, a
cada momento, um poder de causar dependência jamais visto em toda a história
da humanidade.
Retrocedendo ao longo da evolução
humana, posso considerar que a pedra tenha sido o objeto de maior atração do Homo
Sapiens e de toda uma evolução seguinte de Homos, por milênios.
Ela certamente tornou-se o objeto
da maior importância para eles, atendendo a toda uma gama de necessidades imagináveis,
servindo para quebrar alimentos, para caçar, para produzir arte, para servir de
utensílio e para guerrear, até tornar-se algo digamos, ultrapassado. Certamente
um dos gestos mais primitivos da espécie humana ainda está contido em nosso
cotidiano, qual seja o de jogar pedras nos outros.
Em outro momento de nossa
evolução a arma branca, a faca, o punhal, a espada e a lança, passaram a
dominar o impulso feroz do homem que ainda continha em seu convívio, a
selvageria bruta de sua espécie.
A arma de fogo veio para ocupar o
lugar do objeto mais cobiçado da raça humana. Através dela, uma revolução de
ideais se construiu e se destruiu. Subjugado à arma de fogo, o Homem transformou
o mundo ao seu redor e até os nossos dias, não conseguiu dela se livrar.
Mas uma nova onda de costumes e
de dependência já está em curso. Um novo objeto já domina e transforma de
maneira fulminante, o relacionamento dos Homens. Nunca, em nenhum tempo, tantos
homens carregaram em suas mãos como agora, um objeto que causasse tanta
admiração e dependência.
A pedra não foi capaz de dar a
ele a liberdade de “comunicar-se com o
mundo”, mas o fez erguer pirâmides, muros e moradias.
As armas não foram capazes de dar
a ele “um milhão de amigos”, e também
não conquistaram a paz que tanto se apregoou em nome dela.
Hoje, o Homem carrega, por todo
lugar aonde for, um aparelho de celular que transforma seu tempo, capaz de
ferir como uma pedra, matar como uma arma de fogo, construir e arruinar,
aproximar e afastar. Se for servir para a sua evolução, só o tempo dirá.
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